sexta-feira, 6 de maio de 2011

Melancólica dança depressiva




















As músicas depressivas tem me tomado pela mão para dançar.
Elas me hipnotizam.
Sinto a sensação de estar imersa em uma densa neblina.
Não vejo mais que um palmo a minha frente.
Não sinto frio, mas sinto medo.
Deslizo sobre o chão como uma pena num vento.
Eu preciso dançar essa música
pra eu chorar.
É triste fazer alguém sofrer.
Por isso essa noite eu aceito
dançar, dançar e dançar.
Ao som dessa música fúnebre
com passos leves e calmos,
coordenando meu corpo apodrecido.
Quando danço essa música,
as vozes da minha cabeça somem,
ninguém me critica, nem mesmo eu.
Eu sinto que não existe mais aquele eu.
Que outrora existiu, que outrora fez alguém existir para mim.
Me sinto só, e este estado está me matando,
mas pelo menos assim não preciso sorrir falsamente
tentando não me transparecer em ruínas.
Uma vida com trilha sonora,
UMA única vida com trilha sonora.
Que ainda faz chorar pela tristeza
e verdade de sua letra.
Como nos contos de fadas
minha roupa é imaculada,
mas minha própria pessoa não o é.
E nessa angústia só me resta dançar.
Por isso aceitei essa dança,
por isso estou vivendo esse momento,
por isso estou me deixando morrer.
Se o pecado é doce eu não sei,
mas essa dança é suave e sublime.
Suas entrelinhas me descrevem,
sua melodia me arrasta.
Ela e somente ela conseguem me erguer do chão
me fazer bailar,
me fazer deslizar por esse chão.
Somente ela que me toma pela mão para dançar.

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